quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Berenice (edgard Allan Poe)

De repente, bateram de manso à porta da biblioteca e um criado, pálido como um habitante do túmulo, entrou na ponta dos pés. Tinha os olhos esgazeados de terror e a sua voz trêmula e abafada falou-me em tom quase imperceptível. Que me disse? - Não ouvi senão algumas frases truncadas. Creio que me contou sobre um grito horroroso que perturbou o silêncio da noite e que todos os criados tinham corrido na direção do som. Então a sua voz baixa se tornou exageradamente clara, ao falar da violação de uma sepultura, de um corpo desfigurado, despojado da mortalha, mas respirando ainda, palpitando ainda, "ainda vivo!"
Então olhou para a minha roupa e ela estava manchada de sangue! Sem dizer uma palavra, pegou-me na mão e ela tinha as marcas de unhadas humanas! Depois apontou para o objeto que se encontrava encostado na parede; era uma enxada!
Soltando um grito medonho, precipitei-me sobre a mesa e agarrei a caixa de ébano; mas minhas mãos trêmulas não tiveram força para segurá-la. A caixa caiu no chão, espalhando, com um tinir de ferragens, alguns instrumentos de cirurgia dentária e, ao mesmo tempo, trinta e duas coisinhas, brancas como marfim, se dispersaram por aqui e acolá, no solo do aposento...



quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Pratos Exóticos....


Chegou mais cedo do trabalho, ao cruzar a esquina se deparou com a mulher no portão, ela não o havia visto, observou de longe, logo percebeu que aquele se tratava do amante de sua esposa.
Aguardou pacientemente até que o homem fosse embora.
A mulher entrou para casa e em seguida ouvi o tilintar das chaves do esposo, correu ao espelho para se aprontar, o marido entrou ela disse:
_Olá querido como foi seu dia?
O homem em passos apressados passou pela esposa e não respondeu, desceu até o porão sem uma palavra pronunciar, a mulher preocupada com a atitude do marido foi logo atraz chamando por ele em tom de preocupação:
_Querido, querido, aconteceu alguma coisa? O que houve meu bem?
Ela tentou ascender as luzes do corredor “Click...Click...” nada, as luzes estavam queimadas.
Ela desceu atraz do marido no porão mesmo no escuro se apoiando no corrimão...
_Querido? Quer...
Zaaaaaaaaap, em seguida Toc, Toc, Toc.... esses foram os sons do machado cortando a cabeça da esposa e em seguida a cabeça rolando escada abaixo..
Ele correu a apanhar a cabeça para que a mesma não perdesse o sabor de “recém-colhida”, na cozinha com certa pressa aprontou em uma panela grande:
Alho, cebola, Salsa, coentro, pimenta do reino entre outras especiarias, tampou a panela esperou fervura, assim que ouviu o borbulhar do caldo jogou a cabeça da esposa dentro.
Após 15 minutos estava tudo pronto, uma mesa posta com muita elegância para um, e seu preparado exótico dentro da sopeira da família sob a mesa exalava um cheiro ótimo.
Ele sentou-se colocou o guardanapo sobre o colo e se serviu, porem ao olhar para o prato rejeitou o mesmo, desde pequeno não suportava a idéia de cabelos na comida!
Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras.

Sou irritável e firo facilmente.
Também sou muito calmo e perdôo logo.
Não esqueço nunca.

Mas há poucas coisas de que eu me lembre.